quarta-feira, 1 de setembro de 2010

SEM VERGONHA DO EVANGELHO

              Porque não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego.  (1:16,17).

Você sabe o que é o evangelho? Qual o significado desta palavra? Qual sua origem etimológica? O que de fato alguém quer dizer quando a utiliza? O Dr. Russel Cahmplin nos ajuda neste sentido. Ele escreve que a palavra Evangelho, tanto nas páginas da Bíblia como na literatura antiga foram usadas das seguintes formas: No grego mais antigo, como nos escritos de Homero, significava «recompensa por trazer boas novas» ele cita como fonte (Hom. Od. xii.152). Já no No A.T. há dois usos: o de «boas novas», propriamente ditas, e o sentido que aparece no grego antigo, conforme escrevemos acima. Plutarco utilizava como um termo técnico para «boas novas de vitória». No culto imperial, essa palavra era usada para as proclamações ao imperador divino, de «boas novas» que davam vida ou salvação ao povo. No grego antigo, e também posteriormente, significa «sacrifício oferecido por causa de boas novas. Na Septuaginta(LXX), como também em outras obras gregas de data mais recente, essa palavra indicava as próprias «boas novas» como é o casa de II Reis 18:20,22,25).

SIGNIFICADO NO NOVO TESTAMENTO

            No N.T., refere-se às ,«boas novas de salvação», ao anúncio sobre o reino de Deus, à mensagem de perdão que Deus enviou aos homens, à mensagem sobre toda a nova esperança que Deus forma nos corações dos crentes. Especialmente nos escritos de Paulo, o termo significa «boas novas», sobretudo no que se relaciona com as igrejas: o plano de Deus para a sua igreja, o destino e grande privilégio da mesma, incluindo os meios de salvação, o perdão de pecados, a justificação, etc, como elementos que incluem as boas novas. Em fim, pode-se afirmar que a palavra «evangelho» tem atravessado três fases, ao longo da história, isto é: 1. Nos antigos autores gregos: «recompensa por trazer boas novas». 2. Na Septuaginta e outras obras: as próprias «boas novas». 3. No N.T., as «boas novas sobre Cristo», ou ainda, os livros neotestamentários que falam sobre essa boa mensagem acerca de Jesus Cristo. 

                 Todavia é nos escritos de Paulo o apostolo, que esta palavra ganha maior significado., simplesmente por causa de suas exaltadas visões sobre a natureza da igreja (conforme se pode observar no quarto capítulo da epístola aos Efésios), ou sobre a natureza exaltada do destino dos remidos (segundo se lê no primeiro capítulo da epístola aos Efésios e no oitavo capítulo desta epístola aos Romanos). Em parte alguma das Escrituras o vocábulo «evangelho» tem um significado tão profundo como tem nos escritos de Paulo, pois ali o seu sentido não é somente que os homens são perdoados de seus pecados e passam a ter por herança um lar celeste, mas também que os próprios seres dos crentes estão sendo gradativamente transformados segundo a imagem de Jesus Cristo, e isso tanto em seu aspecto moral (as virtudes e perfeições morais do Senhor Jesus) como em seu sentido metafísico, isto é, a natureza essencial de Cristo, com seus poderes extraordinários sobre o mundo físico e o mundo espiritual).

OS REMIDOS SERÃO TRANSFORMADOS

Os remidos se tornarão a plenitude de Cristo, tal como o próprio Cristo é a plenitude de todas as coisas , leia sobre isto em ( Efé. 1:23, 3:19). Não se pode dizer outro tanto com referência aos anjos. Por conseguinte, o destino dos remidos é muito mais elevado do que o dos anjos, pois haverão de participar os crentes da própria divindade, segundo se percebe claramente em trechos como de Rom. 8:29e II Ped. 1:4; Col. 2:10. Ora, isso é boas novas do mais precioso quilate, e não essas sandices que lamentavelmente tem sido “pregado” por ai na grande maioria destas igrejas, paganizadas, caricaturadas, travestidas de igrejas “cristãs ou evangélicas” etc. com raríssimas exceções é claro.

            Quando de fato recebemos o evangelho de Cristo somo revestidos da verdadeira «vida imortal», a qual consiste do mesmo tipo de vida que Deus possui. Todas essas idéias precisam ser incluídas naquilo que se entende por «boas novas», a saber, a mensagem sobre Jesus Cristo e suas bênçãos, oferecidas aos homens É importante salientar porem que o evangelho não vem somente em poder (ver I Tes. 1:5), mas também é o próprio poder de Deus (ver Rom. 1:16). Revela a justiça de Deus e conduz à salvação todos aqueles que crêem (ver Rom. 1:16,17). Paulo considerava o evangelho como um depósito sagrado (I Tim. 1:11). Assim, pois, ele estava sob compulsão divina para proclamá-lo (ver I Cor. 9:16), e pedia as orações de seus irmãos na fé para que pudesse desincumbir-se de sua tarefa com ousadia (Efé. 6:19), ainda que isso o sujeitasse a oposições (I Tes. 2:2) e aflições (ver II Tim. 1:8). O evangelho é a 'palavra da verdade' (Efé. 1:13); porém, está oculto para os incrédulos (II Cor. 4:3,4), o que requer verificação sobrenatural ou prova racional (I Cor. 1:21-23). Tal como foi através de revelação que o pleno impacto teológico do evangelho chegou a Paulo (Gál. 1:11,12), assim também é pela resposta da fé que o evangelho irrompe com poder salvador (Heb. 4:2).

              O uso do termo “evangelho” nas páginas do N.T. é muito interessante que embora descreva com melhor profundidade as profundezas do evangelho, do que os outros evangelistas, o evangelho de João não contém esse vocábulo. O evangelho de Lucas se utiliza apenas da forma verbal, «evangelizar», em formas gramaticais diversas, por dez vezes. O evangelho de Mateus encerra a forma nominal por quatro vezes, e a forma verbal por uma vez. O evangelho de Marcos estampa a forma nominal por oito vezes, mas nunca usa a forma verbal. O livro de Atos tem a forma nominal por duas vezes, e a forma verbal por quinze vezes. As epístolas de Paulo exibem a forma nominal por sessenta vezes. Esse vocábulo se encontra apenas em outras duas passagens, em todo o resto do N.T., isto é, em I Ped. 4:17 e em Apo. 14:6. Ao todo, a forma nominal figura por setenta e sete vezes no N.T., dentre as quais ocorrências, sessenta são dos escritos de Paulo. Paulo usa a forma verbal por vinte e quatro vezes. Pode-se perceber com facilidade que o uso que Paulo faz desse termo é tão dominante no N.T. que quase se pode dizer que se trata de um uso caracteristicamente paulino. Sem dúvida alguma foi o apóstolo Paulo quem deu a esse conceito tanto o seu uso mais lato como o seu sentido mais profundo.

NÃO ME ENVERGONHO DO EVANGELHO

                Para você leitor entender esta declaração, imagine que está na capital da Grécia, Atenas, ou na capital do império romano, Roma, onde o evangelho era ridicularizado como produto do fanatismo religioso, não sendo tomado a sério, especialmente no que dizia respeito à sua doutrina da ressurreição. Para os gregos o evangelho representava uma insensatez, enquanto que para os judeus servia de pedra de tropeço, visto que expunha algumas idéias que o antigo judaísmo simplesmente não queria aceitar, sobretudo o conceito do Messias que o apresenta como o “Servo sofredor”. (Ver I Cor. 1:23). Porém, independente das idéias dos homens, no Cristo do evangelho residia um poder que Jesus demonstrou amplamente quando de seu ministério terreno, e, supremamente, em sua ressurreição dentre os mortos.

                 As reivindicações apresentadas pelos apóstolos se alicerçavam em seus ministérios miraculosos; e isso significava que o poder do evangelho, na transformação das vidas, existia porque Jesus continuava presente entre eles, por meio do seu Santo Espírito. Portanto, apesar daquela circunstância que agora estava prestes a visitar a sofisticada capital, onde havia a possibilidade da mensagem espiritual de Paulo ser lançada ao ridículo, por outro lado ele não sentia medo, porquanto não cedia a essa provocação, sem importar o lugar onde tivesse de anunciar a mensagem de Cristo. O mesmo poder que havia transformado bárbaros em lugares distantes da capital do império, era o poder que poderia transformar os filósofos gregos e os sofisticados políticos romanos. A suposta novidade do evangelho não diminuía em nada a sua realidade.

                Falando sobre isto o Dr. Cahmplin afirma que era como se Paulo estivesse falando o seguinte: “Não me envergonharei, nem mesmo em Roma, onde altos dotes literários aparecem em combinação com uma licenciosidade sem freios, e onde, portanto, a doutrina sobre um Salvador crucificado provavelmente nada atrairia senão zombaria, tanto contra ela mesma como contra seus pregadores”.

                 Através desse sentimento, o apóstolo passa suavemente para o assunto que ele queria abordar especificamente, a saber, que é somente por meio de Cristo Jesus que os homens podem ser livrados daqueles castigos por cuja causa tanto os judeus como os gentios, por sua própria culpa, se tinham tornado desprezíveis. Paulo já havia pregado a Cristo em lugares sofisticados, como em Atenas, Corinto e Éfeso, e sabia como aquelas pessoas tinham encarado a sua mensagem. Mas isso não impedira o apóstolo de continuar a falar de Cristo, e esse crucificado, nem criara nele qualquer senso de vergonha por causa dessa atividade, ou por causa de sua mensagem. Ele escreve em (Rom. 10:11) “Todo aquele que nele crê não será confundido”. Por conseguinte, o senso de vergonha, no que diz respeito ao evangelho, indica a falta de fé, ou, pelo menos, uma fé muito imperfeitamente formada. Em contraste com essa atitude, o coração que transborda de fé em Jesus Cristo, o qual, por conseguinte, demonstra possuir apreciação e dar valor ao que Cristo significa para todos os remidos, jamais sentirá vergonha no que diz respeito à pregação que anuncia o sangue expiatório de Jesus Cristo.

                  O cristianismo não veio a tornar-se uma religião exclusivista, conforme o judaísmo viera a tornar-se, mas antes, proclamava a universalidade da salvação anunciada em Cristo, e gradualmente derrubou as barreiras raciais que pareciam tão importantes e básicas para o judaísmo.  As palavras de Paulo quando diz: “ NÃO ME ENVERGONHO DE EVANGELHO” ganha um significado profundo se você pensar no seguinte: Grande parte da atividade humana visa obter poder, e, após essa aquisição, o uso do poder. Aqueles que têm poder de autoridade são os governantes, os senhores da sociedade humana. Existem muitas formas de poder, como o poder físico, o poder mental e o poder espiritual. Os homens, de forma geral, não têm vergonha do poder; mas, bem pelo contrário, ufanam-se do mesmo. Um homem fisicamente vigoroso, ao lado de um homem fisicamente débil, não sente vergonha por ser o mais forte; mas antes, sente certo orgulho físico, sem importar se diz isso ou não. Uma nação poderosa, sem importar se esse poder decorre de suas riquezas ou de suas forças armadas, ou mesmo de suas realizações científicas, não se envergonha disso, mas antes, se enche de brios.

                   Todavia nenhuma dessas formas de poder humano, entretanto, pode transformar uma alma segundo a imagem de Cristo, que é o verdadeiro alvo da existência humana, bem como a grande mensagem central do evangelho cristão. Portanto, vendo Paulo que era apóstolo do poder mais extraordinário de todos, o PODER DE DEUS, que tem origem divina, e não natural, não se envergonhava. Entre os homens há muitas modalidades de poder; mas o evangelho, em contraste, é “PODER DE DEUS”, e devemos observar que esse poder é benigno, não consistindo de mera demonstração de força. Os poderes humanos com freqüência tendem para a miséria e a destruição, mas o poder de Deus tende para a vida e o bem-estar espirituais.

                   O vocábulo aqui traduzido por “poder” é o termo grego dunamis, de onde se deriva nossa moderna palavra “dinamite”. Nas páginas do N.T. esse vocábulo é usado para designar poderes miraculosos, a manifestação da onipotência de Deus, uma obra poderosa de alguma modalidade qualquer, a energia divina que só pode ser atribuída à divindade, e não aquilo que poderíamos esperar apenas como produto da natureza humana. Por essa razão é que a proclamação do evangelho é um acontecimento que envolve poder. Deus se utiliza da vida, da morte e da ressurreição de Cristo a fim de salvar os homens. A idéia básica, envolvida nessa verdade bíblica, é a do livramento. Trata-se do livramento da tirania do pecado e da degradação da natureza humana decaída, juntamente com as diversas manifestações de poder que os homens, em seu estado decaído, não podem realizar. Porem, há muito mais valores envolvidos nessa “SALVAÇÃO”

1. O poder de Deus opera através da fé, e o resultado obtido é o maior de
todas as obras. (Heb. 11:1).

2.A fé é um dom e uma operação do Espírito, e seu início se dá quando
da conversão (João 3:3), prosseguindo em suas operações diárias (Rom. 1:17), sendo também uma virtude (Gál. 5:22).

3.Por ser algo divino e operar por meio do evangelho, e por ser uma provisão divina, o seu resultado também é divino, a saber, a vida eterna, em que os homens chegam a participar da própria forma de vida que Deus tem

4.Há poder na palavra da cruz (I Cor. 1:18), porquanto ali Deus exibiu seu plano de salvação, na expiação de Cristo (Rom. 5:11).

5.A fé também envolve certo elemento humano, pois todos os homens podem exercê-la, se não quiserem exercê-la propositalmente. É uma provisão da graça de Deus, dada universalmente em Cristo.

               O poder de Deus não consiste apenas do 'poder divino'... por meio do qual o próprio Deus opera eficazmente, isto é, salvando o pecador mediante o despertamento para o arrependimento, para a fé e para a obediência. Agora amigo leitor deste blog. Compare tudo isto que você acabou de ler com o que você ver hoje sendo pregado nesta igrejas por ai, é claro que não estou generalizando, pois ainda creio que existem aquelas verdadeiras igrejas e pastores que estão pregando o autentico evangelho de Cristo, PODER DE DEUS para a salvação de todo aquele que crer.

Este artigo usou como fonte
O Novo Testamentos Interpretado
do Dr. Russel Cahmplin